domingo, 30 de março de 2008




















Robert Leroy Johnson

CARTA

(ou FOTOGRAFIA II)


I

O enigma

uma mancha no coração,

o que fica para trás?

A vida continua,

nada mais que a verdade

mostra seu brilho.

Uma descoberta, face menos conhecida,

esperança sua fonte.

Hora das idéias explosivas,

vôo da rainha natural,

artificial esperança.

Criador secreto da música

quero ser.

Retrato da exclusão,

o desafio à capela diante dele,

caminhando com criaturas.

Dedicado a Johnson, em um único fio,

espectro, sorrindo despedaçado.

II

Entender a chave

para a porta da estranheza

quando der vontade.

A química da vida: universo.

No futuro beleza eles buscaram.

Na luta contra a mesma mágoa,

felicidade, outra arma, ainda é cedo.

Mariposas brilhantes da infância

procuro, sinal dos tempos,

um número mostra que

não há para onde fugir,

é hora de acender a luz.

Há miséria em tudo que não é

conspiração?

Agonizam as coisas que você ensina,

para o resto da vida colorindo.

Palavras de pescador já nascem

com o mar.

Idéia surpreendente?

III

Grande atração: ouvir alguma

visão retocada.

Sabe o que faz nuvens de sonho

de menino?

Não dá para confiar,

ouvir os sons da língua das falenas

pode ser ilusão

por isso o termo: “Final feliz”.

Muitos ficam,

mas o pombo sai, é preciso

ser visto para existir,

ter língua e vinhos.

Eu mesmo

minha instância final.



FOTOGRAFIA

Entre parênteses,

o grito do arco-íris colocado.

No porão minha alma com essa moça.

Papéis velhos,

discretos e elegantes.

Uma nuvem de boatos,

apagada a fogueira.

sábado, 29 de março de 2008

PO(H)E(R)METO PASCAL*

(À maneira de Shakespeare)

Vês o dano que os mares aos navios causam, e as vagas?

Vês, no calendário, os números inutilmente riscados,

e o céu a encher-se de nuvens, e a lua exterminada?

O tempo, os dias, os meses e anos a mim roubados,

que minha aflição fizeram por todo esse tempo?

Pensei: “... tudo isto, agora que te vi chorando, havia terminado!”,

e meus princípios e ideais a ti sujeitei, sem arrependimentos.

Mas, voaste da minha esperança para quem te havia recusado.

Ao mar alto das lágrimas - de todos os olhos que me

enganar vieram - minha semente lancei, julgando

que num mundo conseqüentemente feliz e fértil a deixava,

o áspero idioma das areias e as tábuas das marés, ignorando,

quando das lágrimas, é alvo apenas o sal,

mas, ’inda mais, é perverso, e estéril, e mau.

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* Por ser semana da páscoa.

quarta-feira, 26 de março de 2008


terça-feira, 25 de março de 2008