domingo, 30 de março de 2008
CARTA
(ou FOTOGRAFIA II)I
O enigma
uma mancha no coração,
o que fica para trás?
A vida continua,
nada mais que a verdade
mostra seu brilho.
Uma descoberta, face menos conhecida,
esperança sua fonte.
Hora das idéias explosivas,
vôo da rainha natural,
artificial esperança.
Criador secreto da música
quero ser.
Retrato da exclusão,
o desafio à capela diante dele,
caminhando com criaturas.
Dedicado a Johnson, em um único fio,
espectro, sorrindo despedaçado.
II
para a porta da estranheza
quando der vontade.
A química da vida: universo.
No futuro beleza eles buscaram.
Na luta contra a mesma mágoa,
felicidade, outra arma, ainda é cedo.
Mariposas brilhantes da infância
procuro, sinal dos tempos,
um número mostra que
não há para onde fugir,
é hora de acender a luz.
Há miséria em tudo que não é
conspiração?
Agonizam as coisas que você ensina,
para o resto da vida colorindo.
Palavras de pescador já nascem
com o mar.
Idéia surpreendente?
III
visão retocada.
Sabe o que faz nuvens de sonho
de menino?
Não dá para confiar,
ouvir os sons da língua das falenas
pode ser ilusão
por isso o termo: “Final feliz”.
Muitos ficam,
mas o pombo sai, é preciso
ser visto para existir,
ter língua e vinhos.
Eu mesmo
sábado, 29 de março de 2008
PO(H)E(R)METO PASCAL*
(À maneira de Shakespeare)
Vês o dano que os mares aos navios causam, e as vagas?
Vês, no calendário, os números inutilmente riscados,
e o céu a encher-se de nuvens, e a lua exterminada?
O tempo, os dias, os meses e anos a mim roubados,
que minha aflição fizeram por todo esse tempo?
Pensei: “... tudo isto, agora que te vi chorando, havia terminado!”,
e meus princípios e ideais a ti sujeitei, sem arrependimentos.
Mas, voaste da minha esperança para quem te havia recusado.
Ao mar alto das lágrimas - de todos os olhos que me
enganar vieram - minha semente lancei, julgando
que num mundo conseqüentemente feliz e fértil a deixava,
o áspero idioma das areias e as tábuas das marés, ignorando,
quando das lágrimas, é alvo apenas o sal,
mas, ’inda mais, é perverso, e estéril, e mau.
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* Por ser semana da páscoa.