PO(H)E(R)METO PASCAL*
(À maneira de Shakespeare)
Vês o dano que os mares aos navios causam, e as vagas?
Vês, no calendário, os números inutilmente riscados,
e o céu a encher-se de nuvens, e a lua exterminada?
O tempo, os dias, os meses e anos a mim roubados,
que minha aflição fizeram por todo esse tempo?
Pensei: “... tudo isto, agora que te vi chorando, havia terminado!”,
e meus princípios e ideais a ti sujeitei, sem arrependimentos.
Mas, voaste da minha esperança para quem te havia recusado.
Ao mar alto das lágrimas - de todos os olhos que me
enganar vieram - minha semente lancei, julgando
que num mundo conseqüentemente feliz e fértil a deixava,
o áspero idioma das areias e as tábuas das marés, ignorando,
quando das lágrimas, é alvo apenas o sal,
mas, ’inda mais, é perverso, e estéril, e mau.
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* Por ser semana da páscoa.
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