sábado, 29 de março de 2008

PO(H)E(R)METO PASCAL*

(À maneira de Shakespeare)

Vês o dano que os mares aos navios causam, e as vagas?

Vês, no calendário, os números inutilmente riscados,

e o céu a encher-se de nuvens, e a lua exterminada?

O tempo, os dias, os meses e anos a mim roubados,

que minha aflição fizeram por todo esse tempo?

Pensei: “... tudo isto, agora que te vi chorando, havia terminado!”,

e meus princípios e ideais a ti sujeitei, sem arrependimentos.

Mas, voaste da minha esperança para quem te havia recusado.

Ao mar alto das lágrimas - de todos os olhos que me

enganar vieram - minha semente lancei, julgando

que num mundo conseqüentemente feliz e fértil a deixava,

o áspero idioma das areias e as tábuas das marés, ignorando,

quando das lágrimas, é alvo apenas o sal,

mas, ’inda mais, é perverso, e estéril, e mau.

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* Por ser semana da páscoa.

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