terça-feira, 5 de agosto de 2008
ORIENTEMÉD( I )ORIENTE
ou
DIREITO DE TODOS? (*)
“O D’us inteiro
(aquele que é também um fogo consumidor
e que pôs a estrela em vossas testas)
e ainda o outro Deus, lá à entrada, por séculos, observam...
Finalmente, condescendentes e juntos,
entraram em nosso jardim,
ao leste do Éden,
para expor ao sol o mundo imperfeito da morte!”
Isto os meninos limpadores de pára-brisas
(ou com seus malabares, talvez)
estão falando agora lá fora,
em baixo do aguaceiro.
“... condenamos nossas crianças!”
Eu ( meu coração ) preservado aqui dentro,
mas corroído pelos insetos luzidios
da consciência iridescente
e marcado por cicatrizes iguais as deles.
Sei:
eles poderiam me impor obstáculos
se assim o desejassem,
pôr minha carne fraca, flácida e trêmula para pensar.
Mas isso não rola,
meu egocentrismo faz frente
e estas idéias apenas voam todas
ao redor de mim, inofensivas
como andorinhas
no verão particular deste interior.
É possível que um anjo tenha caído...
E nenhum deles desfilou ( e jamais desfilarão,
em nenhuma “parada de Sete de Setembro” )
vestido com meu casaco de general,
cheio de anéis e medalhas no peito.
Para eles só resta agonia em Getsêmani
(Guantánamo ou Guaribas, tanto faz...)
e centelhas - agulhas azuis - que saem de seus olhos,
nenhum D’us agonizante os sustentando
ou lançando a morte imperfeita ao sol do mundo.
“... condenamos nossas crianças!”
O D’us inteiro
(e também o outro Deus)
fez nosso lugar verde e perfeito, ao sol;
em nenhum mundo a morte;
nenhuma “parada de Sete de Setembro”.
Mas é possível que um anjo tenha caído...
Nós (e nossos corações) preservados aqui dentro
(no verão particular deste interior)
com nossos óculos de sol
e a morte perfeita, sob o sol do mundo lá fora.
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(*) Menção Honrosa no I Prêmio Literário Canon de Poesia 2008