ORIENTEMÉD( I )ORIENTE
ou
DIREITO DE TODOS? (*)
“O D’us inteiro
(aquele que é também um fogo consumidor
e que pôs a estrela em vossas testas)
e ainda o outro Deus, lá à entrada, por séculos, observam...
Finalmente, condescendentes e juntos,
entraram em nosso jardim,
ao leste do Éden,
para expor ao sol o mundo imperfeito da morte!”
Isto os meninos limpadores de pára-brisas
(ou com seus malabares, talvez)
estão falando agora lá fora,
em baixo do aguaceiro.
“... condenamos nossas crianças!”
Eu ( meu coração ) preservado aqui dentro,
mas corroído pelos insetos luzidios
da consciência iridescente
e marcado por cicatrizes iguais as deles.
Sei:
eles poderiam me impor obstáculos
se assim o desejassem,
pôr minha carne fraca, flácida e trêmula para pensar.
Mas isso não rola,
meu egocentrismo faz frente
e estas idéias apenas voam todas
ao redor de mim, inofensivas
como andorinhas
no verão particular deste interior.
É possível que um anjo tenha caído...
E nenhum deles desfilou ( e jamais desfilarão,
em nenhuma “parada de Sete de Setembro” )
vestido com meu casaco de general,
cheio de anéis e medalhas no peito.
Para eles só resta agonia em Getsêmani
(Guantánamo ou Guaribas, tanto faz...)
e centelhas - agulhas azuis - que saem de seus olhos,
nenhum D’us agonizante os sustentando
ou lançando a morte imperfeita ao sol do mundo.
“... condenamos nossas crianças!”
O D’us inteiro
(e também o outro Deus)
fez nosso lugar verde e perfeito, ao sol;
em nenhum mundo a morte;
nenhuma “parada de Sete de Setembro”.
Mas é possível que um anjo tenha caído...
Nós (e nossos corações) preservados aqui dentro
(no verão particular deste interior)
com nossos óculos de sol
e a morte perfeita, sob o sol do mundo lá fora.
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(*) Menção Honrosa no I Prêmio Literário Canon de Poesia 2008
4 comentários:
Caro amigo Carlo Cruz, tua poesia emana uma beleza, a beleza dos Deuses.Esarei lá na Bienal. Um abraço
Estou em www.olhosdefolhaminha.spaces.live.com
e www.gerberasfelizes.spaces.live.com
e no blogspot:
www.olhosdefolhacintiathome.blogspot.com
“meu egocentrismo faz frente
e estas idéias apenas voam todas
ao redor de mim, inofensivas
como andorinhas”
Eu gostaria muito de ter tido um Professor assim.
Texto enxutíssimo seguindo uma linha de pensamento fina, sensível e difícil de escrever claramente com tanta autenticidade.
Parabéns Mestre.
Frank A. Sobral (Bar do Frank)
O CARINHO DOS AMIGOS NO BLOG DO AZENHA, MUITO OBRIGADO!
Renata Maia (01/09/2008 - 22:53)
casaco de general...eu ri nesta hora...temos fotos. Ainda bem que não li em 7 de setembro. eu me reportei a um sinal no fim da Lagoa... bjs Carlos. não há o que dizer. Só balançar as joias, hehe. Lembra?
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Luis Claudio Baraúna (29/08/2008 - 00:02)
Autêntico! Sensível! Realista! Isso é o que eu posso falar de mais uma OBRA PRIMA escrita pelo meu amigo Carlos Cruz. Parabéns!!! Um grande abraço
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Andrea Junqueira (28/08/2008 - 04:10)
Não me surpreende a sensibilidade deste autor...quem como eu, que tive o prilégio de cursar a Faculdade ao lado deste queridíssimo amigo, sabe deste então que suas palavras demostrariam a capacidade incrível de colocar para fora com sensibilidade e uma linguagem simples e objetiva a sua magnitude de pensamentos sensatos e que nos levam a pensar na responsabilidade de cada um com nossas crianças........ Parabéns Carlos......vc não é apenas plural.......é extremamente incrível,fantástico e acima de tudo autêntico e muito especial.......tenho orgulho de fazer parte de sua vida....... Beijo grande e sucesso sempre!! Andrea
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Virginia Lane (27/08/2008 - 21:22)
Carlos Cruz, fiquei emocionada ao redescobrir o amigo dos bancos de ginasio com tanta sensibilidade artistica diante do cotidiano carioca e a grandeza do TODO PODEROSO. Minha admiracao com carinho, Virginia
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Celia de Freitas (27/08/2008 - 18:37)
Olá, Amigo de Sempre!!!! Bom demais,é muito importante para mim ler e mais ainda saber que partilhei o começo de tudo,sentados numa dividida,junto com nossos mestres querido. Sou muito orgulhosa por isso.Parabéns.Bjs muito.
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Nádia de Souza (26/08/2008 - 23:43)
E cá estamos nós petrificados diante do 'homem vestido de linho com um tinteiro de secretário sobre os quadris", petrificados e cegos pela glória dos querubins, a espera da benevolência de termos nossas testas marcadas com um sinal pelo homem vestido de linho. Apenas suspiramos e gememos "por causa de todas as coisas detestáveis que se fazem no meio dela".Só queremos ter o sinal para sermos poupados e nada fazemos. Continuamos petrificados e impotentes.
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Maria de Lourdes de Souza (26/08/2008 - 22:10)
Carlos você é mesmo plural,sim pois faz tantas poesias e etc.Quado eu tiver mais tempo vou ler com mais calma. Vc é SHOW DE TUDO meu cunhado. Lu:)
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Letícia Parente (26/08/2008 - 22:04)
Oh, será que sempre vou me pegar ganhando surpresas suas? Definitivamente ótimo. Parabéns, Carlos. Beijos mil
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FranK A. Sobral (Bar do Frank) (26/08/2008 - 20:48)
"meu egocentrismo faz frente e estas idéias apenas voam todas ao redor de mim, inofensivas como andorinhas" Eu gostaria muito de ter tido um Professor assim. Texto enxutíssimo seguindo uma linha de pensamento fina, sensível e difícil de escrever claramente com tanta autenticidade. Parabéns Mestre. Frank A. Sobral (Bar do Frank)
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DALMO (26/08/2008 - 19:51)
... ESSE CARA ALÉM DO GRANDE POETA QUE É, É MEU AMIGO PARTICULAR, PARABÉNS AZENHA PELA PUBLICAÇÃO!
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Ricardo Medeiros - Formiga - MG (23/08/2008 - 14:03)
Show! Estou cançado de ver guerras, sofrimento. Até quando? Ser humano...
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Ser especial (23/08/2008 - 00:10)
Somos derivados de um mesmo sabor, de uma mesma essência, com pequena diferença. Entre o tempero, mas somos muito semelhantes, não iguais, semelhantes. Faz reconhecer-nos no plano, ordem abstrata. A relatividade adapta-se a qualquer um....Não somos qualquer um. Te disse isso....em sonhos. Cuidado para que não descubram este ser especial que somos..... (Selección de poesia Letras derramadas) Montevideo -2002- Brasília. Qublát Falastinía (bjs Palestinos) Amyra El Khalili
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