e sua sombra feita de distância
para que mais leve
(queda-d'água)
se tornasse este desfiladeiro existência
e o transtorno fluido desta canção
Uma palavra mais leve
vitrificada como pena na chuva
a elevar-se ao ouvido
revelando o colóquio escorregadio
das violas de arame da Madeira
a liquidez audível dos desejo
bordados no bronze aceso
dos mais antigos afagos
para abrandar esta fuga invisível
que se dá quando ponho
minha indumentária
amarga de andarilho
I
, ainda trajando roupas do dia anterior
no azul do tempo desperto
encontro-me num lugar repousante,
numa luminosa manhã de domingo
(vestida com o frescor da seda dourada)
e tudo parece tão bom e perfumado e eterno
O silêncio das onze - horas ao sol
me deixa preguiçosamente feliz
e a casa como que inalando
o perfume do jardim lá fora
de cada uma das minhas
(a) cinzas
(b) e desertas
(c) e repetidas
manhãs de domingo,
mais uma vez recitando meu
, presentemente desço à cidade entediado
procurando nas vitrines sorrisos,
afagos nos espelhos cubistas
apesar do domingo
apesar do vaso de beijos coloridos de alvorecer
apesar da criança com sua avó
e espaguete (a criança)
na loja de departamentos do oitavo andar.
Anões do enfado e da cobiça
com suas pernas curtas, montam uma dança
executada com magia
aquela frenética coreografia
mas “deixar-se estar apenas observando”
é a maneira mais equivocada
de fazer vista-grossa porque
todos por aqui jogam o “jogo do detetive”
e todos são os "assassinos"
te piscando
III
, depois de duas taças, já em casa, dizer ao gato:
“Olá querido!”
e ele com seus olhos felinos
e sua delicada natureza noturna
percebendo o tempo
caqui da vestimenta da deslealdade
IV
, mais tarde
o velho Herivelto (“CAMINHEMOS”)
duas (ou três) poesias do Manoel ou
Manuel
( de Barros
ou Bandeira )
palavras cruzadas
quadrinhos
TV
prometo não zangar com Deus, mas
já lá estão as estrelas luxuriantes
o dia se foi
nenhuma certeza
e a certeza de coisa nenhuma
PARA MIM HOJE
COISA CERTA SÃO NOITES SEM ADEUS
iluminada por dentro,
excessiva e inesquecível,
embala a dança das deidades agitando o coração
( esse recinto nômade dos órfãos )
Uma atmosfera feita
da amargura e da fantasia,
insanidade e renúncia,
entre lamentos e ruminações,
entre o uivo
e o silencio dos braços e dos violinos
levanta-se (como névoa) a melancolia dos Bo L[U]EroS
Em nossas camisas nossa presença
gravada no suor,
nas almas sinistros cânticos,
sons étnicos,
velhas tradições musicais.
Canções dos suicidas
(na testa o hachimaki da perseverança),
dos marujos fugitivos,
dos tuxauas fantasmas,
escritas na tranqüilidade ambígua
dos quartos de albergue.
Canções na desordem da mente,
no redemoinho entre febre e devaneio,
(língua na orelha fria)
breve canções para assassinar seu amante
ou
São Sebastião do Rio de Janeiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário