A FLOR BRANCA DO AÇÚCAR
(a Roy Lichtenstein)
Leio Mandrake e Lothar.
Leio Fantasma,
me faz bem essa simplicidade deliciosa
do vulgar, do instante,
do nada.
Barba por fazer ,
só e suado
cheguei da rua
(Hancock e sua Cantaloupe Island me acompanham agora)
sinto o corpo a desistir
nada comi hoje.
Café, cigarros e
alguma bebida, apenas.
Agora
(de olhos fechados)
a recordar sorrisos e olhos, verdes,
que se desfazem na sombra,
passageiro da flor do AÇÚCar, serENA: AÇUCENA.
Desejando papoulas,
ou outra flor qualquer,
(flor do sêmem do enforcado, por exemplo,
colhida na noite de lua cheia,
arrancada à terra pelo cão negro,
evitando seu grito humano
– demasiadamente humano –
e também assassino).
Da fée verte, desejando apenas
suas asas de mandrágora e sangue
e pintar o contorno de seu corpo
(ou),
desenhar
(no desenho um desígnio, abstrato e destrutivo)
à crayon o negro de sua pele clara (ou vice-versa),
o carvão dissoluto dos corpos adormecidos à sombra
do silêncio doloroso da eternidade.
Riscando na ardósia de seu corpo
estas letras
( também verdes )
que hão de desaparecer
no gesto efêmero da carícia.
“Quando acariciei teu dorso
campo de trigo dourado,
minha mão ficou pequena
como a flor de açucena”
Thiago de Mello
CUT - UP
JOVENS
PRESOS
em
seus
receios calabouços
cibernéticos
sem se
dedicarem
a ninguém
por um
minuto
a criar
seus próprios
oásis
solitários
ALGUMAS
PESSOAS
por alguma
alucinação
ótica
acham
que
estão
lidando com
criaturas
nem todas
suficientemente
pessoas
SÓ
EM UM
momento
na vida
um homem-bomba se vê
capacitado
interiormente para
entender e aceitar
que há
coisas que
só se esclarecem na
explosão,
quando se pergunta:
que faço com
o tempo
que me resta?
TROCA-SE
DE OPINIÃO
não de pele
ou nos consolamos
com os costume
ou os infringimos
se queremos o
nosso próprio
tom e
regra e
amargura
PARA INDIVÍDUOS
CONTAMINADOS
por pensamentos
desérticos
momentos não
faltam para
chorarem desamparados
pôr não suportarem
o extraordinário
de não sermos
nem tão necessários
nem tão
confiáveis quanto
um guarda - chuva
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