quarta-feira, 29 de abril de 2015


TEUS OLHOS CASTANHOS, ESCUROS
E AMÁVEIS COMO OS DO FADO

, sim, ainda que não queiramos
pra sempre estaremos ali
no nosso pequeno quarto
“menina” de olhos castanhos escuros,
amáveis  e leais como os do fado canção

E teu corpo entalhado na luz obliqua
(azul e tão feminina)
da janela
sob as suaves e lascivas
palmas das minhas
mãos imensas, longas e leves

E tua musculatura pulsando,
serena e crua sob o meu corpo,
a medida que a noite avança
pela madrugada
e lá vamos nós
impunemente, mais uma vez

Minhas mãos estão no teu cabelo agora,
E ele é excitantemente curto
e vejo como teus olhos castanhos
escuros, amáveis e leais como os do
fado canção, me olham desejosos
e um clima Manara invade nosso quarto
e tudo é tão natural, ingênuo e soberbo
(sim, as revistas ainda estão lá sobre o baú
sim, o amor é uma coisa requintada!)

E me trazes sempre o que preciso
e  eu  te ofereço “o que resta de mim”
como no bolero
e desmorono entre as fendas
de tua pele e é ali que permaneço
usufruindo daquele conforto obsceno
e cálido

Em breve nossos corpos adormecidos
tuas pernas fortes em minhas pernas
teu braço no meu braço
tuas costas, teu sorriso e teu calor
e teus livros e lágrimas
e teu beijo
nossas noites e o silencio obsequioso
de nossas manhãs e o nosso café da manhã
quando o único som é apenas
o do pássaro angustiado
do vizinho que salta e gorjeia em
sua diminuta gaiola

Você me fez rir novamente
menina dos olhos castanhos
escuros, amáveis e leais como os do
fado canção e você compreende,
estive esperando este amor
por todos estes longos anos
(o desamor se sabe, é território da solidão
onde a consternação também reside,
a teoria dos conjuntos explica isso),
mas ainda que amar alguém seja sempre
entregar-lhe a carta geográfica de
nossas covardias, ambiciono este encanto
e pra sempre estar ali
no nosso pequeno quarto.



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