terça-feira, 7 de abril de 2015
VÉU
DE VERÔNICA
,
a mulher da minha vida,
(uma
bela mulher que agora sabe
em
que mentiras se encontram
minhas
verdades mais secretas)
deixa
resíduos pela casa
impunemente
na
sala flores
(em
belos arranjos
aleatórios),
sorrisos
(desenhados
em batom carmim)
e
o tempo, sobre o baú
abarrotado
de revistas em quadrinhos
“It's
the Honky Tonk Women…”
(a dissoluta
a trilha sonora)
na
cozinha as doces estratégias
dos
frutos,
das
geleias
e
palavras e lágrimas
lágrimas
e palavras
no
café da manhã
no
banheiro os perfumes
e
sabonete
e
os cremes mais delicados
e
a maquiagem
na
toalha
("Véu
de Verônica")
decorada
com os ideogramas do desejo
e
ancas e nádegas e seios
no
vapor do box blindex.
no
quarto todos seus vestidos e
o
arrepio na pele e a boca(s) úmida(s)
e
os gemidos, e o medo
os
sapatos de salto
e
as coxas inconstantes.
a
mulher da minha vida
deixa
resíduos pela casa
enquanto
marca
à ferro em brasa
minha
pele
ela
me diz sussurrando
que
sou o homem da vida dela,
mas
isso ela diz pra todos os outros.
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