quinta-feira, 19 de julho de 2007

III ato da janela do ônibus (distante) observo (através da moldura) um quadro estarrecedor fétido real um quadro que apodrece (entre latas de cerveja amassadas pontas de cigarros cascas de ovos de laranjas moscas-varejeiras (Cochliomya macellaria) vermes urubus famélicos)

homem mulheres crianças velhos

sub-homens(?) sub-seres(?) vivem comem do lixo

deste parco lixo que a cidade rejeita é que tiram sua colheita

neste podre lixo que a cidade despreza é que as mulheres estão parindo seus filhos este pobre lixo que a cidade... é sua cidade

sub-raça(?) que os jeans as camisas importadas desconhecem sub-raça(?) que os que estão dentro dos jeans e das camisas importadas desconhecem sub-raça(?) que disputa (à tapa) restos de bife (estragado) com os famélicos urubus

marginais homens urubuhomens

pobre animal qual é o teu mal? ser marginal pobre urubu qual é o teu mal? ser animal qual é o teu mal animal? ser pobre-marginal

(fim do III ato)

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