quarta-feira, 18 de julho de 2007

... O T E M P O, S Ó ?

Toda carta pode dizer dos golpes que recebemos nas estradas,

toda fotografia pode mostrar, nas coisas de luz,

como todo este amor poderia ser dado

(que ao final é o que importa). Toda pessoa pode dizer (num sussurro) do vendaval,

da chuva, se dorme de dia

ou se a noite permanece em seu coração.

Mas quem é capaz de dizer (mesmo que aos gritos)

para onde vai a estrada ou as marés do dia;

ou por quem o coração (que a tarde não cura)

chora se se morre de amor?

E quantas fotografias (emolduradas)

poderiam mostrar as borboletas

carmim dos suspiros vestidos de sombras?

E quantas cartas podem dizer do amor no coração

de quem o escolheu e de como ele o cultiva?

Durante a noite do coração só cartas,

fotografias e falenas podem dizer

das marés do dia áspero.

“NÃO”, O QUE SE OUVIU

Para o Hebert,

o cara mais Dalai Lama que jamais conheci

A dor da ausência

(marcada a ferro quente)

deve se parecer com isto

em todo o mundo.

Vida não se corrige,

como corrigir o arado do tempo?

crescemos juntos, duas crianças e um cão no parque,

apaixonados pelo verão,

esculpindo nosso mundo

sinalizado com latidos, abanar de cauda

e uvas - passas - de - corinto,

caminhando sempre para onde indicava

a agulha imantada da bússola,

a amizade

( o mágico das pessoas )

dando toda cor às ações e emoções.

E você que esperou pacientemente

por bons ventos tantos anos

(aprendendo da melancolia o mel,

da felicidade o fel),

observando as latitudes e as longitudes,

duvidando da chuva,

ouvindo os gritos do tempo

(que nós move),

do tempo pleno de cores berrantes

(que são as únicas cores que o tempo parece possuir),

mas também das cores

(da descoberta e da entrega)

que se empresta a realidade

para que encha de prata as têmporas

e de castanho as folhas púrpuras do tempo,

senhor da verdade mas, também, pai do “não”.

... o que se escolheu como eterno,

disto é feito nossa eternidade.

De algo que pertenceu a nós por um segundo,

dessa paisagem, branca de ausências e de abraços,

que alguém pintou sobre esse véu de gaze,

como um céu

(ausente do tempo, das cores do tempo e dos relógios)

superficial e próximo,

e quanto mais próximo ao céu se está,

mais se adquire esse aspecto passageiro.

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