Na minha tenra idade, quando olhei a rua, rua era terra que enchia os olhos. Cheirava a terra, tinha gosto de terra. Apalpei, degustei, farejei, fui terra. Depois revolveram - na, araram-na, semearam-na. Sementes de pedra, brotaram belas pedras: paralelepípedos, (locução difícil para explicar beleza tão simples...) Corría, caía, jogava bola, rebentava os dedos de encontro a essas pedras que aplainei, moldei com carinho de artífice anos e anos... E quando já às conhecia todas. Quando cada greta, cada sulco, cada fissura era de mim íntima, parte de mim, vestiram a rua de negro!