À noite pelas ruas,
como um prolongamento inverso de minha sombra,
rastejo colado ao solo
sobre os paralelepípedos
as poças
a grama
Na frente
ao lado
atrás
nunca dentro de mim mesmo
Minhas pernas
meu coração
andarilhos
e minha alma enterrada aos teus pés
nessa terra-queimada que você
revolve com os dedos
ama
A memória ondeia
não tão absoluta quanto o mar:
você
minha infância neolítica
e suas pedras multicor-multiformes
suas conchas
xícara de porcelana chinesa
seu prato de sopa poético
não falo da poética social...
Falo dos conjuntos de pequenos círculos de óleo
amarelo boiando
dos pedacinhos moles de macarrão e salsa
dessa água colorida
grossa e doce
onde bebes teus próprios lábios
Tua alma
um prato de sopa.
(1982)
quinta-feira, 19 de julho de 2007
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