quinta-feira, 19 de julho de 2007

À noite pelas ruas, como um prolongamento inverso de minha sombra, rastejo colado ao solo sobre os paralelepípedos as poças a grama Na frente ao lado atrás nunca dentro de mim mesmo Minhas pernas meu coração andarilhos e minha alma enterrada aos teus pés nessa terra-queimada que você revolve com os dedos ama A memória ondeia não tão absoluta quanto o mar: você minha infância neolítica e suas pedras multicor-multiformes suas conchas xícara de porcelana chinesa seu prato de sopa poético não falo da poética social... Falo dos conjuntos de pequenos círculos de óleo amarelo boiando dos pedacinhos moles de macarrão e salsa dessa água colorida grossa e doce onde bebes teus próprios lábios Tua alma um prato de sopa. (1982)

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