IV ato
o homem à janela resignado olha o horizonte aprisiona uma mosca com a mão espera esperança
olhos no horizonte espera esperança tem o homem à janela a menor poeira que levanta levanta o homem sua cara se enche de sorriso e rugas das velhas árvores das folhas de couve bolinhas de vidro colorido das árvores-de-natal seus olhos o homem tem esperanças à janela olha o horizonte e e espera aquela poeira ao longe enche-lhe os olhos a alma esquece a amada a masturbação as revistas pornográficas os lusíadas o cheiro de mulher (nos dedos) o homem olhos no horizonte espera tem esperanças à janela cada vez maior a poeira escorre verde no céu o bêbado caído (de bruços) na esquina não vê nem a cidade oca cada vez maior a esperança clara contra o céu negro ]sangrando apunhalado pelas torres elétricas pelas antenas nos edifícios (inúteis) poeira de esperança crescente no céu o homem olha e espera há esperança no horizonte vê-se da janela
este homemtodos
crucifixado no horizonte espera
poeira de esperança
que vem como(nas noites
de junho)
as estrelas pintadas a cal
aqui na teia a aranha estrebucha
se extinguem
as noites de são joão
o cal
as estrelas
a poeira passa
brincava (apenas) o vento
e o abutre
come-lhe a esperança
(como a Prometeu o fígado)
amanhã nascerá
outra
o homemhomens
(teria chorado?)
senta-se
assoa o nariz com a mão
(jogando a coriza ao chão)
recorda-se das mulheres dos sonhos eróticos das poluções (pele colada ao pijama) do corpo/alma que tem atrás dos óculos de sol dentro do nó de gravata mergulhado na xícara de café pendurada em cabides no guarda-roupas uma poeira (ao menos) uma poeira de esperança virá olho comprido no horizonte espera(m) o(s) homem(s) à janela
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